sábado, 8 de agosto de 2009

* TEMOS QUE SABER REALMENTE O QUE É FISIOTERAPIA...

Gente, durante o periodo de faculdade muitas vezes nos reuniamos a noite e discutiamos há a questão de identidade do fisioterapeuta. Tenho por mim e por outros colegas que comungam algum pensamento de que é necessário repensar nosso papel.
Viemos de uma formação cientificista, flexineriana onde ao nos apropriarmos de um projeto educacional que não era nosso agregamos algum saber e nos consideramos fisioterapeutas. Isto vem trazendo há muitos anos, zona de conflito com outras profissões e uma dúvida ainda maior na sociedade pois até hoje ainda é necessário explicar o nosso fazer.
Discute-se muito a doença em detrimento da função. Nossa linguagem ainda tem muitos equivocos e nossa (des)identidade permite , por exemplo surgirem os terapeutas da mão, hidroterapeutas, cinesioterapeutas dentre outros que são na verdade, fisioterapeutas que encontraram em alguma prática assistencial uma relação de identificação maior que com a própria profissão.
Discussões como aumento do número de faculdades, carga horária, tempo de curso são importantes a partir do momento em que saibamos de fato qual o papel definido do fisioterapeuta na sociedade, e o que ele e só ele pode e deve fazer para em somatória com os outros proporcionar uma condição melhor de saúde. Aqui falamos num contexto mais amplo de saúde e não de tratamento de doenças.
O repensar sobre a educação de novos fisioterapeutas, sobre a extensão e a pesquisa necessitam caminhar agregados em um grande projeto de profissão que leve à compreensão de fatos não exclusivamente nosológicos mas principalmente sociais pois estes direcionam as pessoas a práticas que desencadeiam tais eventos nosológicos(desemprego, fome, droga, setress,falta de moradia etc) .
Discutir tempo de curso, carga horária, disciplinas, etc. sem um projeto definido de profissão fica muito difícil a partir do momento em que não se tem pra sí definido o que se quer ser, o que precisamos ser ou qual a necessidade de nossa existência dentro de um contexto mais amplo.
O anexo 1 da Portaria n.º 818/GM Em 05 de junho de 2001 ao tratar sobre as “Normas para cadastramento dos serviços de reabilitação física - primeiro nível de referência intermunicipal, dos serviços de reabilitação física - nível intermediário, dos serviços de referência em medicina física e reabilitação e dos leitos de reabilitação em hospital geral e/ou especializado, assim elenca os profissionais necessários para atendimento deste nível: 1 “ - serviço de reabilitação física - primeiro nível de referência intermunicipal:
01 (um) médico, próprio ou vinculado ao serviço de reabilitação, 01 (um) fisioterapeuta ou profissional de nível superior com capacitação em reabilitação e profissionais de nível técnico ou médio necessários ao desenvolvimento das ações de reabilitação;( grifo nosso)
Nota-se que tanto faz, seja um fisioterapeuta ou um profissional de nivel superior com capacitação em reabilitação.
Quando lemos, do próprio Ministério da Saúde que diz que tanto faz, ser um fisioterapeuta como outro, temos o exemplo claro de que este fisioterapeuta pode ser substituído sem risco social algum.
Não desmerecemos aqui, as conquistas políticas e científicas que muito fizeram e fazem nossa profissão avançar. Porém, ainda existem dúvidas sobre a real necessidade deste profissional ou mesmo de quanto é necessário a sua ação.
A questão da identidade e da relação em que o profissional tem com a sociedade é fundamental neste momento. Nossa preocupação ( e não deveria ser diferente) com o PLS 25 poderia ser outra se a sociedade como um todo soubesse e identificasse de fato o fisioterapeuta , não como um " quase médico " ou como um " aplicador de técnicas" mas como um forjador de ações de saúde essencial para a sustentabilidade de um projeto social não se resumindo apenas a um cartão " MATA A FOME" de R$ 60,00.
Tudo o que vemos é que sempre estivemos na defesa. O cotidiano também mostra como somos violentados com propostas de honorários impostas pelos compradores de nossos serviços; quando o valor de nosso fazer é descredibilizado para sustentar outros que tem mais permissão social ou corporativa ou quando temos a necessidade de lutar de forma hercúlea para conquistar um espaço no PSF.
Nossa liguagem se confunde com a linguagem de outros e este pode ser um dos diversos motivos que periodicamente possibilita agressões à nossa formação, à nossa atuação.
Se eles estudam mais tempo ( carga horária e anos) sabem mais...É o discurso.
Mas o que eles estudam é a mesma coisa que nós estudamos?
Se for, estamos em desvantagem...Se não for...qual o motivo que leva a tanto conflito ?
Fico pensando que este conflito não tem tamanha proporção em outras áreas, como a Educação Física, a Psicologia, a Nutrição...
Este glossário que usamos será que nos pertence?
Durante 4 ,5 anos de faculdade lutei sempre defendendo a FISIOTERAPIA cheguei a ser perseguido por alguns "PROFESSORES"... MAU VISTO POR ALGUNS SUPOSTOS COLEGAS...e de uma certa forma conseguiam me calar pois as armas eram deles, eu era um simples aluno sempre visto como mau educado, indiciplinado, revolucionario, tumutuador,"POLÊMICO" que ainda mesmo correndo riscos de reprovas, não me calava diante das injustiças e que começam infelizmente nas Faculdades...onde felizmente consegui armas emprestadas com pessoas diretamente ligadas a uma direção rachada...Quero atacar mas com armas que de fato sejam exclusivamente minhas e "não emprestadas". Durante a Faculdade em diversas vezes ouvi que o fisioterapeuta tem que ter nível para falar com outro profissional. Absurdo extremo.Infimo pensamento de mente reduzida à subalternidade e de projeção no fazer de outro. Mediocridade.
A solução deve obrigatoriamente estar em um projeto educacional. A universidade é que vai resolver esta questão a partir do momento em que for claro para ela "QUAL O PROJETO DE PROFISSÃO"
Um abraço a todos....